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Hipocrisia faz mal a saúde ou Dalat, o bode expiatório político

Estou estarrecido com a hipocrisia latente que "surgiu" da sociedade palmense, ativado pela prisão de Dalat que tinha alguns pés de maconha plantados em sua casa. E ainda mais quando usam o fato com objetivo político para atingir o prefeito de Palmas.


Sergio Marra/Boca Maldita TO

Há pessoas que pensam que fumar maconha é desajuste, crime. Considero mais danoso dizer que alguém que fuma é criminoso do que qualquer efeito da droga. É esse tipo de tratamento que cria a marginalidade, o gueto. E a utilização política de uma fato, pequeno, mas que estão utilizando nas redes sociais pelo fato do rapaz ser funcionário da Prefeitura de Palmas. Rídiculo. Ainda mais quando vemos que há poucos dias o filho de um empresário de comunicação, na área de outdoors, foi preso abastecendo as bocas de fumo controladas por ele. Todo mundo calou, ninguem citou o nome do conhecido empresário palmense. Ele sim é traficante, e perigoso, mas pertence a classe média, que em sua maioria vive com o nariz afundado em carreiras de cocaína, tomando LSD e outras drogas.


Mas quando ocorre a prisão de um jovem trabalhador, humilde, que plantou alguns pés de marijuana em sua casa, ainda mais quando descobriram que trabalhava na prefeitura, pronto, virou o mais perigoso marginal.

Mas há algo acontecendo, sim. Vigora no país uma lei que vale só para alguns. Funciona mais ou menos assim: se você é pobre e é pego com maconha, vai preso. Se é rico, é possível que a polícia nem o incomode, para evitar problemas – vai que você é filho de alguém importante. Ou, quem sabe, um subornozinho livre sua cara. Se você é grande traficante, fique sossegado. Se é pequeno traficante, ai, ai, ai. Se o delegado está de bom humor, você é usuário; se está de mau humor, é traficante – tão vaga é a tipificação dos crimes. E, se você quiser discutir o assunto a sério, é acusado de incitar um crime. Em resumo, a lei, do jeito que está, não funciona.

Calcula-se que, no mínimo, 30 milhões dêem suas tragadinhas. Nenhum deles parece disposto a parar porque é ilegal. Ou seja, o uso da maconha é fato consumado, queiramos ou não. Não adianta se fazer de avestruz.

Não fumo maconha, e nem conheço o Dalat, o meu posicionamento sobre o uso da cannabis não está submetido à simpatia característica entre adeptos da erva, tampouco a nenhum culto de natureza mística ou outras experiências sensoriais. Mas ver essa reação hipócrita de muitos quem tem usuários de drogas mais pesadas em casa, ou mesmo que fumam maconha, mas para aparecerem condenam Dalat, realmente é deprimente.

Se o rapaz errou, vendo dentro do conceito de legalidade, era só fazer a ocorrência e transformar uma possível pena em trabalho social, mas jogar na Casa de Prisão junto com marginais, é a mediocridade da Justiça sendo demonstrada. Depois reclamam que as cadeias estão superlotadas, preferem o espetáculo midiático ao encarcerar um jovem só por ser conhecido e, principalmente, utilizá-lo politicamente contra um candidato a governador, que aliás é adversário do atual governador, que é quem manda na polícia.

Sei em Palmas de muitos pequenos e médios traficantes que são conhecidos da polícias e de muitos moradores mas que não são presos, continuam o seu trabalho, será por quê mesmo?

Pega-se um helicóptero abarrotado de cocaína. Sabe-se quem é o dono da aeronave,sabe-se até para quem era, mas nada ocorreu.Por quê? Porque são poderosos, ricos. Mas um trabalhador, com residência fixa, conhecido, mas é pobre, e o pior, é ligado a um pré-candidato, esse vai direto para a CPP. Depois reclamam que no Brasil só ladrão de galinha vai preso. Mas é um fato constatado agora com a prisão desse rapaz.
Quer saber enfiem suas hipocrisias e seus discursos medíocres no rabo.

Que a Justiça acorde e acabe com esse circo político formado com a prisão desse rapaz, coloque-o para prestar serviços para a comunidade, e acabe com os discursos hipócritas e com as postagens políticas.

Não estou defendendo aqui a descriminalização da maconha – embora, honestamente, eu ainda não tenha encontrado nenhum argumento razoável contra ela. Defendo, isso sim, o debate franco. 

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